Descrição
Antes da Revolução dos Cravos, o Desporto era controlado e direcionado para servir os interesses ideológicos do Governo, um meio de promover o nacionalismo, a disciplina, a moralidade e a imagem de Portugal como uma nação forte e coesa. O futebol, o ciclismo e o hóquei em patins eram muitas vezes instrumentalizados pelo Estado, servindo como meio de propaganda e de controlo social. O desporto escolar era visto mais como uma ferramenta para a formação de “corpos robustos” ao serviço do regime, enquanto as oportunidades de acesso ao desporto para a população em geral eram limitadas e discriminadas por fatores económicos e sociais. O Desporto, e muito especialmente o futebol, era correntemente referido por alguns intelectuais como uma manifestação alienante, destinada a desviar a atenção da população dos verdadeiros problemas da sua existência, a que associavam o Fado e Fátima.
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António Vasconcelos Raposo, ao narrar um período da história da Educação Física e do Desporto, desafia-nos a olhar criticamente para os equívocos das políticas fragmentadas e descontextualizadas de desenvolvimento do desporto que têm vindo a ser implementadas e que têm impedido que a Educação Física e o Desporto tenham atingido os níveis de democratização e excelência que eram de esperar, depois de volvidos 50 anos de democracia em Portugal.
In Prefácio de
Francisco Carreiro da Costa